28.5.09

novidade

estética est ética
seria? ao menos
eu saberia

e a arte vai brincado pelo mundo
de ser rock'n roll
ah se tudo fosse rock'n roll!
era só um chacoalhar de ossos
ah se tudo fosse van gogh!
era todo mundo grogue
arrancando as orelhinhas
mas não
tem muita pedra neste mundo
muita pedra pra ser quebrada
"corra camarada
o velho mundo está atrás de nós"
o homem que come o pão de ló da arte
tem que gotejar a pimenta da política
no fiofó

27.5.09

ando devagar (nunca tive pressa)
o blog voltará.
juro.

16.5.09

Salinas II

06:00 chega de dormir. a claridade não ajuda e o barulho do ar condicionado do vizinho só piora.
banho nesta terra é bom demais.
7:00 é hora de tomar um café. e grata surpresa: professora helena motta, aqui está, por conta da UAB. batemos um papo. café, pão de queijo, bolo de mandioca. adeus dieta.
07:30 o motorista nos busca e vou rumo ao pólo. de encontro dos alunos e alunas...
a oficina parece ter funcionado. ganhei um queijo, um requeijão e uma cachaça. eles souberam me agradar.

ao meio dia me despeço e vou almoçar. aqui a comida é pesada. todo cuidado é pouco. mas que é uma delícia é. tenho uma sensação de que a poeira aqui é coisa séria. antes de ir ao restaurante passei na feira. impressionante. todo tipo de coisa se vende. frutas, legumes, grãos. e carne. muuuitas carne. eu queria um chapéu de palha. mas tava com fome. fui embora.
almocei num restaurante chamado FOFOCA'S. muito bom.
13:20 me sentei na cachaçaria Artista e bati um papo. levei cachaças, claro.

Salinas tem um cheiro bom. Um ar diferente. um dia ainda descubro o que é.
por hora, converso via msn com meu amor, coisa boa!

15.5.09

Salinas I



5:12
da matina, um motorista gente boníssima
passa lá em casa e seguimos em frente, pra
buscar o resto da moçada, turma de gente fina
elegante e sincera.
5:40 estávamos rumo a capital das minas
dos matos gerais e conversamos sobre música
pernambuco e muito cinema, e que beleza
despejamo-nos em pampulha
às 9:40
check-in chequinho despacha a mala que pesa 9,9kg
no aeroporto uma menina maquiada distribui panfletos
alerta sobre a gripe suína com um baita sorrisão no rosto
10:30 rumo a pista, o detector de metais cisma com minha cara
(na verdade com meu cinto)
muita poeira sobrevoa o asfalto quente da cabeceira
e às 10:45 tamo junto e misturado com as nuvens
rumo a Montes Claros
vejo lá de cima o mineirão, a lagoa e nada mais
11:47 cirurgicamente como havia dito o piloto o art-cento e alguma coisa da Trip
treme todo até descer na pista de MOC
e começa aí a cruzada pelas veredas dste Grande Sertão
Meio dia!!!!! E rasgamos a Bê-érre-dois-cinco-um rumo a Salinas
e passamos por Bocaina, Buritizais lindos, siriemas, carcaças
poeira, vidas secas. o céu é lindo
14:10 eis Salinas. pedacinho de nordeste em Minas. ou vice-versa
hotelzinho, almoço num restaurante muito bom que o nome já define: Bakaninha
as 15 e cacetada a bola da vez é comprar cachaça: beija flor
aqui uma Anísio Santiago pode sair por 170 reais. sim! verdade!(em JF a garrafa chega a 300)
18:00 visita ao pólo me faz sentir que eu amo mesmo é educar e fazer parte disso tudo
e escrever me dá saudade de Ceci.

amanhã eu ralo. e depois volto.

13.5.09

O Rio

o Rio me ama, me desanda
me ama na cama, no drama
da bala perdida, me ama
no anagrama
de ama, que poder ser Mam
mas no Rio nada consta
apenas o anadrama
que sorve jovens em cada
grama
o Rio me grama, em cada
Posto 9, em cada Lapa
em cada Beco das Garrafas
em cada Travessa,
o Rio me atravessa
a alma nas Laranjeiras
me sorve nas luzes do
Dona Marta, sim senhora
o Rio me perde na hora
da cabana, de Copa
o Rio me afoga nos biquinis
na areia, no mosquito
no Rio, se sujar eu apito
me guardo na lata
me faço de aflito
o Rio me ama nos braços
da mulher que passa
na dura do guarda
o Rio está lá
a duzentos quilômetros
de segurança que me
separam de toda essa
beleza.

6.5.09

ECO PERFORMANCES POÉTICAS

Nesta quinta-feira, dia 7 de maio, no Mezcla, as 20h, entrada franca.

Convidados:
Rafael Miranda
Dudu Costa
Luiz Fernando priamo
Dois (não pares)
videos do Inhamis


vê se aparece!

20.4.09

dorzinha

me deixa só com
minha dor no peito
que uma dorzinha é
alegria inconstante
de quem se afoga
em excessos

teus cuidados amplos
reduzem minha capacidade
de abraçar-te

e eu fico só de longe
vendo você ir embora

11.4.09

semana santa

semana santa
de santa nada tem

fica todo mundo
querendo bolinar alguém

e eu cansado ressaqueado
fico tentando dormir
enquanto toca Gal Costa
na vitrola do vizinho ao lado

10.4.09

Mini-doc Eco, by Inhamis Filmes

minha menina dorme
conserva em sono
o doce gosto do bolo de queijo
com goiabada

e eu clamo a deus
que a vida tenha sempre
essa carinha feliz
da minha menina dormindo

6.4.09

pesadelo


às duas da tarde a cidade parecia estar morta
ou talvez meio moribunda
incompleta, só se respirava a poeira
das casas demolidas para se fazer mais sombra
no centro da cidade, e um milhão de carros
assobiavam como um comboio surdo

em silêncio a multidão
passeava e não se olhava
numa espécie de rito alucinado de indiferença

a cidade morreu
ou está insone?

40 graus de calor desumano assolam
a cidade indiferente que percorre as ruas
desnudas
entre ambulantes
numa espécie de bailado cheio de catárse

velhos brancos papeiam a conservação do
estado das coisas e tomam seu café
num papo idiota
que reflete
e repete a mesma história eterna

dentro dos apartamentos a televisão
mata o tesão
em ritos sumários de execução dos casais
perdidos iludidos babando o ódio da caretice
sem fim

o sono vira refém

são duas horas da madrugada
na cidade poesia onde os fantasmas
são vivos decadentes decanos assustados
prefeitos presos pobres colunistas
doces desempresários mal educados
chiques antiquados dotados de opinião

abro a janela e o ar da noite é temperado
com a surpresa onírica que
o céu da cidade não tem mais lua
os bebâdos não tem mais a rua
os eternos felizes perderam
os bancos das praças
os abraços sinceros
os sorrisos docemente exagerados
e não mais vagam
nem divagam pelas esquinas
ou butecos abençoados
(que aliás estão fechados)

lá no alto, no lugar da lua, uma noite em branco
indica que roubaram nossa esperança
e todos calados roncam
e roçam
e rolam
nos lençóis da indiferença

são seis horas da manhã
os olhos cheios de areia denunciam
a estranha noite
e a claridade ofuscante faz ainda mais
confudir se tudo foi realidade
ou pesadelo

e os poucos que acordaram
fingem que nada aconteceu.

21.3.09

radinho

não desligue o rádio zumzum
a anteninha dá choque
mas não me choca zy12 90 megahertz

nosso amor é AM
liga e pede a música
primeiro lugar nas paradas


19.3.09

s/ título_tiagorattes.ponto
achaste um jeito de me enganar. eu me surpreendi e encarei de frente o desafio de me tornar um novo homem, sem vícios, sem virtudes. esse talvez seja o grande homem do século xxi. um excepcional gerente das contas em dia de seu lar. vai haver futuro que a pena capital vai ser cortar gargantas de quem atrasar a mensalidade da academia de ginástica. comerei daqui pra frente frangos grelhados, coca cola zero. caráter zero virgula cinco. eu sei que a azia se mede de acordo com o susto. um soneto é indecifrável na medida que entorta palavras rubras e sangrentas. é por isso que ma humanidade vai se dividir entre aqueles que nunca escreveram um soneto, e aqueles que morreram tentando fazer algo parecido com Vinicius de Moraes ou Shakespeare. a humanidade perece por que desaprendeu a usar o corpo pra algo mais interessante.
cantei mil versos de flor
e joguei pra ti os espinhos
com a lingua pois na pressa
não mais esqueço que poesia
falada encantada
é voz
e voz é corpo esbelto magro
gordo parrudo
minha barriga chapada
minha pança de urso
importa que dessa boca saia poesia
e quando andastes por estas ruas de frio e flor saberá que seus ossos que doem denunciam que um dia você esqueceste de dormir a tempo de acordar no tempo de tomar seu café a tempo. tome tento menino, criança que não come não cresce. adulto que come, morre? pois todas as vovós esquecerem dos colesterois herois da industria farmaceutica e bioquimica. coma pra crescer. coma para morrer. beba água. e não morra afogado. mas pense bem, a vida é curta, até atravessar as ruas.

15.3.09

Sonhei com Nava

sonhei que dava um rolê com Pedro Nava,
nos encontramos às 13 horas
no pirulito mais famoso da cidade
para uma bela tarde, de prosas

e ele me revelava segredos ousados
guardados em sua memória
e eu abismado
queria que ele me contasse
histórias de Drummond,
para que pudessemos fazer piadas
acerca do poeta itabirano

confessei a ele que morria de inveja
de sua escrita e que era infeliz
por não ter sido eu o autor do Bau de Ossos

descemos o calçadão e tomamos um café
e ele indignado com o sabor do adoçante dietético
cobrou de mim mais seriedade da minha geração
sobre coisas elementares

e no fim do dia ríamos de Murilo Mendes
que subia pro Vitorino sabe-se lá por que

22.2.09

solícito

Hi dear friend,
volto como disse, despues dessa reforma. !hola! eu sou assim, bilingue, meio a meio, afanando supertições em línguas matreiras. Mando a ti minhas palavras, verdes, antes que caiam de maduras e manchem nosso chão de cimento queimado. Tão lindo. Saudade sim, não tem tradução. Mas como disse Chico Science, "esperança é quando a dor presente nos faz tentar outra vez".

Dude, mano "véio",
eu e minha menina linda andamos pensando em repousar em Buenos Aires. Sou louco pra experimentar a Quilmes, creio eu que lá também haja exemplares de Corona. Mas enfim, vontade maior é a de viajar. E seu chegar por lá, quero comprar uns discos de vinil, de Novo Tango.

Mas de qualquer forma em Cabo Frio a gente chega.

2.2.09

patricinha mor

seus lábios delineados, cabelo impecável
são uma espécie de armadilha para este poeta
que vos fala sobre suas desilusões
ou simplesmente prepara mais versos
para curtir uma de eterno apaixonado

mas, sim, falava de seus lábios (!)
reluzentes de longe,
nesta rua escura
decorando a paisagem chata
e sem graça da cidade
num dia de quase chuva

e que sorriso malandro você apresentava
disfarçando sua exacerbada classe social
que lhe fornecia o título de patricinha-mor
e eu que sempre botei banca de descolado
fiquei babando por ti

decidi que vou te botar em verso
desse jeito, sem jeito
pra te fazer dançar na folha branca
em letras garrafais
pra te fazer dormir
nos braços da miséria gostosa
da vida de verdade
e observar teus lábios delineados
enquanto repousa nos meus versos marginais

17.1.09

A enchente


a água subia rapidamente e ultrapassava meu medo de forma cavalar, e sentíamos um frio na espinha ao perceber que uma fina camada de água cristalina resolveu passar por cima da ponte e tocar nossos sapatos - logo meu sapato de couro, sola de couro escorregadia que eu risquei com o canivete pra não escorregar mais - arriscado ali de se molhar e pesar nos meus pés. enchente é coisa séria. veio ontem um homem que ninguém sabia bem que era e gritava como louco, montado num cavalo preto - "lá vem a tromba d'água" - só sei que meu pai largou até o chapéu de feltro e resolveu acudir minha mãe, a juntar os trapos e salvar o velho rádio de madeira com "dial" prateado que sintonizava aos berros a rádio nacional. eu vesti calças, camisa de botão e um paletó. e meus sapatos novos. minha vó mora no alto e nos aceitara em sua casa enquanto passa esta tormenta. tormenta de água. água forte a molhar a canela até mesmo de quem mora na rua halfeld. eu achei graça das moças levantando os vestidos até o meio da canela e mostrando as meias brancas, tão pálidas quanto os rostinhos cheios de pó compacto. no meio da confusão alguém perdeu um chapéu do estilo "côco", e eu coloquei na cabeça e me debrucei na ponte a avistar a água subir e fazer estragos, peralta, pelas ruas desta cidade. a chuva me molhou e minha mãe me disse - "pareces um carroceiro, viajante, com estas roupas largas e este chapéu engraçado". e eu queria naquele momento ser mesmo viajante e só estar ali de passagem. eu ria de nervoso e acreditei que o rio ia engolir tudo. as ruas, as casas, a escola e Josefina. Ah, Josefina, linda garota, de dentinhos separados e sardinhas no rosto. Que a água leve tudo! Menos minha Josefina. E de pranto em pranto deixei estes versos pra água levar: quem nunca quis morar na beira do rio, o rio vai morar na beira de tua porta. vai assombrar tua loja, vai subir e descer tuas escadas a fazer um barulho estranho de água que lava e leva lavra novos caminhos atalhos densos, auspiciosos de memória e guardará pra sempre no coração a ponte, que parecia as meninas (que levantavam as saias), a erguer-se pra passar a água

13.1.09

(nada)

hesitei, hesitava, não hesito mais
não mais permito a dor do corpo
me servir de escopo para regredir
nem tolero passos adiante
nem caso mediante sorrisos desconjuros beijos descompassos

sou poeta, sim,
sei que você não gosta destes rótulos pretenciosos
sei que tu cara de tatu,
odeia tudo que inspira liberdade
mas eu sou assim não hesito mais,
nem menos meço meu tempo
em palavrinhas maleducadas contra ti, tu, nós, vós, voz
tornei-me atirador de eliteversos,
desconversos
meu relógio já não mais para
nem faz o velho tic tac careta
de quem vê passar o tempo,
no silêncio agora eu sou assim,
eu conto um causo aumento um ponto,
invento contos disco telefones errados,
aguardo telefonemas que nunca vem,
cartas que nunca chegam
mas de peito aberto sou morno,
quente quando a hora cola
e de certo acerto o alvo
e celebro com taças imaginárias cada dia vivido,
como se fosse um passo duro em direção à nada

(aproveito pra dizer: um feliz doismilenove! poesia.arte.e tudo mais)

29.12.08

2009 é logo ali (re-load)

2009 é logo ali, e eu vou lá. haverá de ser assim, melhor. 2008: 100 anos do nascimento de cartola e guimarães rosa. repare que este ano termina em 8, e oito deitadinho é o símbolo do infinito, obsessão do joão. 100 anos da morte de machado. 40 anos do maio de 68. 60 da declaração dos direitos humanos. 20 da constituição cidadã. até o rappa lançou disco, depois de 5 longos anos. mas 2008 já vai. bye, bye. por hoje chega de ti, ano doido. fechamos ti, com sapatada no bush. na verdade não. israel presenteou o mundo com bombas em gaza. e eu levantei um cartaz, tipo um cara bobo no estádio: "eu já sabia". um milhão e oitocentas mil pessoas vivem num território 10 vezes menor que são paulo, chamado gaza. passam fome. não tem escola. e recebem uma chuva de bombas de israel, pra comemorar o ano novo. na verdade não, o ano novo judaico já passou. 2008 é ano de redenção. de ápice. Galo Carijó, campeão da Taça Minas. eu vi. e chorei de cantinho. emocionado feito criança. 2008 eu lancei um livro. tá bom, foi em janeiro, nem lembrava que tinha sido em 2008. mas lancei. e sou outro por causa disso. 2008 obamania. 2008 crise louca recessiva. tenho preguiça de enumerar coisas legais e chatas que aconteceram. sei que passou. e 2009 é logo ali. vamos em verso, em prosa. fazendo arte. arteiros, artistas, matreiros.

23.12.08

CARTINHA AO PAPAI NOEL, COM CÓPIA OCULTA AO GILMARZINHO


gilmarzinho minha flor
se eu não tivesse optado
em ser professor de escola pública,
quando crescesse queria ser como você
homem togado íntegro, inteligente
mas nem por isso deixei de rasgar minha seda
por ti, homem forte da alta corte
e é por isso que neste natal
presto uma singela homenagem a você
quero que papai noel me dê,
caso eu mije fora do meu peniquinho,
um belo advogado como ti, assim
como ele deu ao Danielzinho
se eu enriquecer, ó gilmar homem-da-lei
que deus me brinde com a transubstanciação
do vinho em corpos, habeas corpus
nem quero, ó gilmar mestre-da-carta-magna,
mais de um em dois dias, me basta apenas um
em toda vida, pr’eu curtir uma onda
com a cara desses meus amigos
eu quero, muito, cantar um jingle bell
sapateando na mesa daquele delegadinho
metido a besta
quero comer rabanada e sujar de açucar
a cabeça daquele juizinho paulista
e nós, ó gilmar mente brilhante,
cantaremos, sem algemas é claro, noite feliz
noite feliz, com as boquinhas supremas
cheias de farofa
eu quero muito, muito que papai noel
me abençoe com este presente
e caso aconteça, gilmarzinho meu doce de côco,
da polícia federal cagar no sapatinho
que eu coloquei na janela do meu banco
de investimentos
você virá tal como a fada sininho
pra me salvar das garras destes fascistas
que nada entendem desta nossa constituição
nem compreendem que em ti
reina o ano inteiro um espírito natalino,
um quase amor de mãe por essa gente sofrida
que durante o ano inteiro
sofre,
sofre,
sofre comendo caviarzinhos
e bebendo prosecos,
vem comigo gilmarzinho, meu brilhante lapidado,
comemorar este natal
que gente como a gente
está acima do bem
e do mal