25.11.10

100 km

era a garota loira e seus pés pequenos a balançar, deitada de bruços. era a beira e todo alpendre, varanda, beiral, parapeito. era o sorriso tonto, a boca seca, os olhos grandes da garota que era. era a vontade do vagabundo, sua camisa larga, suas olheiras. sua vontade de dirigir 100 km era; a busca da garota loira dos pés que balançavam.

era só buscar a garrafa de espumante e a caixa de trufas vagabundas na loja de conveniência. era ajeitar os óculos de grau, velhos, tortos, controlar as mãos no volante, olhar sempre o retrovisor, era, ansiedade.

era tocar a barca em frente, estrada afora, desejo a dentro, esperar as promessas de amor e tesão, da loira e seus olhos grandes, de que "sim, meu amor, hoje eu sou tua, sim, lindo, vem desse jeito, mas vem rápido". era.

era esperar que a repulsa de outras noites troca de nome com o afeto, que marcha, em riste a força de vontade. era.

era um carro. vai noite a fora 100km noite adentro, rasgando estrada, contornado poeira, zunindo pneu no asfalto. a fim de chegar cedo pra fazer a que veio, a que é. era.

18.11.10

signos

manchete não dá cabo, acoberta folha de jornal, cobertor
condescendência do aplauso enche pança, pisca olho, prisma.

afago enche a cabeça, acalenta o coração, mas não transa linguagem.

e eternidade é o sorriso do velho professor, sinal de respeito
a barba branco do Haroldo, a balançar semiótica.

9.11.10

Eco nesta semana

Neste mês de novembro voltamos, desta vez juntos do encerramento
da semana de Letras da UFJF.

O evento acontece na sexta-feira dia 12 a partir das 21h, no Mezcla. Teremos dois convidados especiais nesta edição:

Thiago Camelo (RJ)
http://veraoembotafogo.blogspot.com/
Diego Grando (RS)

http://ativastentativas.wordpress.com/


Trupe do Eco Performances Poéticas,
com Mr. Pedro Paiva nas Pick-Ups
+ convidados

Ainda na programação da festa, show a banda
Lumiere

(haverá cobrança de couvert)

1.11.10

Pó compacto

reboca com galhardia a face
outrora não se usava no verão
esplendida geratriz do disfarce
mística musa do senão

ao imiscuir-se de sua beleza
tenaz, provoca sentidos
desfere ilídimos olhares
para desespero do marido

reveste as maçãs do rosto
na pista de dança, na praia
oh, suor que está convosco
mancomuna-se à sua laia

externando mil “senões”
desmonta simplória faceta
esconde as agruras letais
carrega magia-maleta