30.6.11

horário de almoço

arrasa um corredor
com pressa.

faz-se de presa,
conta - fria:

[são 13 horas]

contra-relógio
resta rasgar roupas,
- derrubar cortinados.

espessa camada de óleo
abrilhanta corpo,
(possível ver antes
que se dobre em colunas)

provoca os lábios
do escravo, com os pés
: esmalte novo.

ofega, anela,
mas sobrevive.

A tempo de gastar seu latim:
- Cunnilingus!


24.6.11

é só mais um poema de amor

carnificina no jardim ao lado,

poupem a água limpa
que ainda resta no regador
de brinquedo.



15.6.11

anedota do misógino

-crença-

acredita que o temor diante coxas, virilhas e pés femininos,
não é nada mais que - de forma retumbante - racionalidade.

-este número está fora de área e não possui caixa postal-

Luciana insiste que ele atenda o telefone, antes que anoiteça.
Suando frio, prefere o velho golpe do túnel - e com sede,
escolhe o café de uma livraria de shopping , para tomar uma Sprite.

Ao menos, Luciana e suas amigas, lá, não abririam a boca.

-constatação de homem de meia idade bem sucedido-

Nunca mais foi em botecos.

-casa grande e senzala-

quando sai do shopping center, oferece olhar com lascívia
apenas a mulheres negras, e assim acredita
que faz um favor ao pavilhão nacional.

no fundo, ou no raso, está imbuido de certeza que esse caminho é fácil.

-boa noite, pai!-

mas quem deu boa noite foi a mãe.

-revista é sempre mais agradável que livro-

Chico Buarque de Holanda não passa de uma bicha
que canta canções com [eu lírico feminino].

aliás, a coleção deste compositor - reeditada pela editora Abril - será
o único produto da empresa que não comprará.

-fim do dia, microsoft outlook (1) mensagens não lidas-

from: Luciana
Subject: Adeus

a culpa sempre será dela.

3.6.11

15 horas

15 horas – basta um aceno
de café em xícara duralex.

assinar o ponto,
guardar entre aspas
aforismos de sala de aula.

sacudir esqueleto
em ônibus, transpondo
ponto a ponto a zona sul a leste.

ter fim.

forjar sono em cadeira,
e esquecer que cara tem:
- o crepúsculo.