29.7.11

Procissão

faz da pedra, arma, aprofunda risco na pele
fura carne e provoca encanto, açoita, lambe.

a ladainha convoca a procissão da possessão
e olhos nos olhos, os velhos já não respiram.

autoflagelação é o respingo da cera quente
a descer pelo punho que ergue o rosário.

um confessionário de anjos tortos se abre,
o sorriso escondido, o falo envolto em pano,
anunciam que os mortos já celebram hoje
o prenúncio dos pecados de amanhã.

Detalhe de móvel na Igreja da  Ordem Terceira de São Francisco - S.J. Del Rei (foto: Cecília Malavoglia)

20.7.11

jazz-time

síncope

segue o caminho de um improviso,
guiado por dedos magros ao piano.

percorre até alvorecer, cada reflexo
de um trumpete parceiro.

bluenotes

ainda que não haja limites,
vai até onde coração permite.


caminha dialético, na tradição.

ragtime

não se permite, tirar os olhos
dos quadris de uma moça que
traja um vestido florido.


improviso

enfumaçado ambiente, recorre a luz
que adentra uma janela de porão.

é hora de um ataque de sopros.

Olorum

é o sentido único, sua voz.






10.7.11

poema para ser lido em dia de choque de realidade

[ossos de resina para enfrentar solavancos diários]

um copo d'água cercado
de vártios feixes de neon,
enquanto canta na pista.

guardar forças e glórias
emsimesmado de fios e
certezas latentes, paz.

segue, em forma
de sina, errática.

até o fim, ainda
que seja só, um.