29.12.08

2009 é logo ali (re-load)

2009 é logo ali, e eu vou lá. haverá de ser assim, melhor. 2008: 100 anos do nascimento de cartola e guimarães rosa. repare que este ano termina em 8, e oito deitadinho é o símbolo do infinito, obsessão do joão. 100 anos da morte de machado. 40 anos do maio de 68. 60 da declaração dos direitos humanos. 20 da constituição cidadã. até o rappa lançou disco, depois de 5 longos anos. mas 2008 já vai. bye, bye. por hoje chega de ti, ano doido. fechamos ti, com sapatada no bush. na verdade não. israel presenteou o mundo com bombas em gaza. e eu levantei um cartaz, tipo um cara bobo no estádio: "eu já sabia". um milhão e oitocentas mil pessoas vivem num território 10 vezes menor que são paulo, chamado gaza. passam fome. não tem escola. e recebem uma chuva de bombas de israel, pra comemorar o ano novo. na verdade não, o ano novo judaico já passou. 2008 é ano de redenção. de ápice. Galo Carijó, campeão da Taça Minas. eu vi. e chorei de cantinho. emocionado feito criança. 2008 eu lancei um livro. tá bom, foi em janeiro, nem lembrava que tinha sido em 2008. mas lancei. e sou outro por causa disso. 2008 obamania. 2008 crise louca recessiva. tenho preguiça de enumerar coisas legais e chatas que aconteceram. sei que passou. e 2009 é logo ali. vamos em verso, em prosa. fazendo arte. arteiros, artistas, matreiros.

23.12.08

CARTINHA AO PAPAI NOEL, COM CÓPIA OCULTA AO GILMARZINHO


gilmarzinho minha flor
se eu não tivesse optado
em ser professor de escola pública,
quando crescesse queria ser como você
homem togado íntegro, inteligente
mas nem por isso deixei de rasgar minha seda
por ti, homem forte da alta corte
e é por isso que neste natal
presto uma singela homenagem a você
quero que papai noel me dê,
caso eu mije fora do meu peniquinho,
um belo advogado como ti, assim
como ele deu ao Danielzinho
se eu enriquecer, ó gilmar homem-da-lei
que deus me brinde com a transubstanciação
do vinho em corpos, habeas corpus
nem quero, ó gilmar mestre-da-carta-magna,
mais de um em dois dias, me basta apenas um
em toda vida, pr’eu curtir uma onda
com a cara desses meus amigos
eu quero, muito, cantar um jingle bell
sapateando na mesa daquele delegadinho
metido a besta
quero comer rabanada e sujar de açucar
a cabeça daquele juizinho paulista
e nós, ó gilmar mente brilhante,
cantaremos, sem algemas é claro, noite feliz
noite feliz, com as boquinhas supremas
cheias de farofa
eu quero muito, muito que papai noel
me abençoe com este presente
e caso aconteça, gilmarzinho meu doce de côco,
da polícia federal cagar no sapatinho
que eu coloquei na janela do meu banco
de investimentos
você virá tal como a fada sininho
pra me salvar das garras destes fascistas
que nada entendem desta nossa constituição
nem compreendem que em ti
reina o ano inteiro um espírito natalino,
um quase amor de mãe por essa gente sofrida
que durante o ano inteiro
sofre,
sofre,
sofre comendo caviarzinhos
e bebendo prosecos,
vem comigo gilmarzinho, meu brilhante lapidado,
comemorar este natal
que gente como a gente
está acima do bem
e do mal

15.12.08

na tal

não mais prometo me comportar nem te respeitar não mais não mais ó princesa altruísta que tanto me faz feliz eu vou te atacar como um selvagem vou saquear teu universo sacana vou tornar-me um sacal te grafar em versos travessos entre pontos e travessões eu to mais querendo me afundar nessa sopa então vem me dar sopa vem me ajudar a dar sentido a essas palavras perdidas e diga sim sim sim yes pra mim sai dessas compras chatas de natal manda o papai noel pro beleléu larga essas sacolas chatolas e vem pro futrica tomar um chope geladinho pra fazer dessa manhã de sábado algo muuuuito mais legal how how how é natal


a ilustração chama-se Hunters do fodão do Banksy. olink taí do lado.

12.12.08

então...

um poeta deve escolher as palavras com que grau de atenção? o vernáculo, o pendão, a lingua pátria, o dicionário. Mc Manu (el) Bandeira já deteve o ímpeto dos virtuosos ao anunciar em sua "Poética" a morte do lirismo careta, do antilirismo-antilibertação. eu quero é comer palavras pela cara que elas têm. eu escolho assim meu alimento. eu olho bem pra cara dele, cheiro, e depois devoro dentro da noção do que é mais agradável. o melhor exercício da palavra é fazê-la ter um valor estético. mas não esqueçam. a palavra nasce pra ser dita. seja com a boca. seja com as mãos. é por isso que não consigo pensar muito nelas. guardo meu tempo pra ficar armando estratégias para assustar senhores e senhoras. deixa camões dormir sossegado. ele lá, eu cá. tipo uma estátua de bronze. eu recorro a ele tipo turista de frente pra drummond no rio, ou itabira. sento e tiro uma foto. mas drummond é mais vivo que camões. drummond é hoje o eixo estruturante. em volta, somos todos luzes de natal. mas quem brilha mais é oswald, bandeira, romano, chacal. é por isso que um poeta deve escolher bem as palavras. sem virtuose.

versos da hora:

ei minha nobre dama
larga essa pose singela
se enxerga
a cama, mesa
me banha

10.12.08

Augusto nasceu!

e por isso reedito esses versos pra esse moleque esperto...

esses versinhos, versinhões,
versiados,acanhados
aqui ficarão até mamãe perceber
e você nascer

não faltará pra este bebê
o que beber
de versos gelados quentes
escaldados
sonhos doces, salgados
beijos abraços apertados
"gudi-gudis"
"bilu-bilus"
pink ou blue?
tipo assim
bebê,vem que o mundo é teu
e vê se abre o olho
senão o titio aqui te versa

9.12.08

26 anos

hoje faço 26 anos e
o coração continua parado
curtindo a paisagem, se fazendo
de esperto,
o sangue nunca se esvai
não sigo rumo dos rios, fico plácido
tal qual lagoa
escuto esforçado o som da natureza
como quem exprime, ou tenta, o que
há de melhor, o que virá
fico tonto, incerto, a cada passo
evito decisões, incisões, suturas
em fuga desvio de medos
prefiro o incerto ao certinho bordado
prefiro a vida
desfiada
se cada pedaço pode
melhor ser aproveitado

eu piso nas poças
molho a barra da calça
enxarco a gola
eu quero mais é que chova no
teu quintalzinho, quero
mais é menos
quero muito
o ameno

faço 26 anos cheio de contradições
que sinto eu
são uma espécie de banquete
sem filosofia
ou sem preliminares
eu sigo
assim
em frente
sem mapa
só com uma bússola
que indica o caminho
da tal felicidade

4.12.08

Duas poesias


APRENDIZADO

ao Fernando Fiorese

nesta cidade aprendi a ser poeta
(se é que isso se aprende)
doutorei-me nas mesas de bar
nos colos alheios, nas páginas dos livros
nos artigos e seus incísos
e nas ruas
por onde andei obsessivamente
calculando os metros percorridos
no chão pisado por personagens
de destaque ou anônimos
fiz banco de escola.
meu dicionário sempre foi
o “Mínimo” onde encontrei sentido
nas palavras
fiz da vida urbana uma sacada
a olhar passar os carros
as moças, os fatos
os versos que eu aprisiono no papel



ARREMEDO MALANDREADO

à memória de Oswald de Andrade

diz o culto português
na expectativa da chegada
do coletivo:
“lá vem o ônibus...”

na minha terra
resconstrói-se
a lingua máter
num arremedo malandreado e dizem:
“ê-vem o ônibus...”

e todo mundo é feliz
eveindo vida a fora...

2.12.08

Eco! ooooooooooo!

Eco Poético
O último do ano!
Nesta Quinta-Feira, dia 4 de dezembro
às 20h, no Mezcla