26.6.09

sambamar

sambamar
samba no mar (alguém já cantou)
samba pra amar
no armar (do corpo quente)
no armário (da vaidade)
armado peito forte
samba na cela,
em sesta
na escolta
na selva
no colo
no escopo
samba lá
samba nela, faz dela
passista, assista a miséria
que ela faz com os pés
na passarela e a passar
ela não resiste ao passar
por ela, toda assim
sambamar
samba pra amar
samba assim

17.6.09

Juiz de Fora é a cidade mineira menos barroca.
Aqui a mineiridade não é clichê. Nem blasé.
Não temos a procissão. Só a possessão.

Tupi or not Tupi, that’s the team.
Ou fantasma do mineirão. E as pesquisas oficiosas comprovam: cresce o número de torcedores de times da capital do estado, reduz o de seguidores das equipes da capital do império.

Aqui o tira-gosto nos butecos é o melhor do estado, quiçá do planetinha. Haja estômago.

Letras. Não citarei Murilo Mendes, Nem Affonso Romano. Nava, filho adotivo do Caminho Novo, é quem melhor descreveu tudo isto. E um pouco mais.

Basta assistir TV e desencarnar do corpo tendencioso e verá. As pessoas daqui tem um irrmediável sotaque mineiro. Mas é preciso assistir TV.

Seria covardia falar de música. E ponto final.

2.6.09

Deixa eu te contar_( à memória de Ana Cristina César)

deixa eu te contar que eu sinto saudade
deixa eu te saudar na subida pr'o quarto
de nós dois. deixa eu resguardar teu parto
que eu transo um amanhã pra nós dois
deixa
deixa pra depois
não esqueça de teu comprimidinho
a vida é assim, felicidade em caixas
não rasga
minhas cartas
que quando, um dia,
assim como alguém que nada quer,
eu for
de velhice, ou de airbus
você se lembrará pra sempre de mim

Ana Cristina César