27.12.11

o último trem

roçava o fundo da bolsa com as unhas
estragando o esmalte feito há pouco
em busca do perdido bilhete do trem

a franja tocava o rosto levemente
atrapalhando os olhos indecisos
até que parou diante um espelho

[ainda na estação]

- reparou que os olhos fundos
inspiravam indecisão sombria.

correndo em um pé só, descalçou-se
trazendo os sapatos na ponta dos dedos
para que pudesse correr e alcançar

[a composição que enunciava partida]

- ofegante tomou assento junto ao corredor
sem perceber que eu ocupava a janela.

saudei-a com as sobrancelhas,
fazendo questão de desviar o olhar
guardando a certeza de que a longa viagem
reservaria outro momento adequado
para o derramamento de sangue.

11.12.11

Revista de literatura "Um Conto" - edição de dezembro

Muito interessante essa iniciativa de um grupo de estudantes de Letras e apaixonados por Literatura. Já está na edição 3 e conta com muitos trabalhos interessantes. ive a honrar de ter um poema publicado nesse volume. 

A revista é sem fins lucrativos e distribuida em Criative Commons. Conheça mais aqui, e saiba quem mais está participando da atual edição, clicando aqui. Lá você também pode baixar as edições anteriores.

7.12.11

o último Eco do ano

Não parece que foi ontem que o Eco anunciou suas primeiras atrações de 2011, o quarto ano de existência e plena atividade desse evento que tem a missão e o objetivo maior de dar espaço e divulgar as mais diversas expressões da poesia de Juiz de Fora e do Brasil.

Ao longo do ano, o Eco encheu de poesia as primeiras quintas-feiras do mês, levando para o palco do Mezcla poetas novos e usados, apócrifos e publicados, juizforanos, cariocas, paulistas e baianos e tudo mais que se pode imaginar em matéria de diversidade literária. O microfone aberto também foi garantia da democracia de versos e nos fez conhecer e reconhecer vários grandes escritores. O Eco também esteve em trânsito, carregando a poesia para outros cantos, como o Corredor Cultural da FUNALFA e o CEP 20.000, no Rio de Janeiro, e se fez cada vez mais presente no espaço virtual, com a inauguração do blog oficial.


E, para finalizar esse ano tão intenso e produtivo, nada mais justo do que uma super edição especial, que conta com atrações imperdíveis e promete entrar para a história, até porque teremos dois pré-lançamentos de livros de poetas que são praticamente crias do Eco e vão encher a noite de orgulho e boa poesia: Anelise Freitas finalmente solta no mundo seu esperadíssimo Vaca contemplativa em terreno baldio e Larissa Andrioli estréia com todo o estilo do seu No silêncio de um show de rock, ambos publicados pela Aquela Editora


Depois de participações marcantes no microfone aberto das últimas edições, Giovani Verazanni retorna ao elenco do Eco com sua poesia direta e certeira para fechar o set dos convidados;

Além disso, muito pouco ou quase nada precisa ser dito, certo? O natal está quase aí e o microfone aberto é presente nosso. Mas a discotecagem clássica (que nessa edição fica por conta do convidado Marcelo Castro) promete não passar perto de nenhum disco da Simone. 


A entrada como sempre é grátis e a diversão mais que garantida. Espalhe, apareça, leia e volte sempre. Lembrando que o mundo vai acabar em 2012, então esse será o último Eco da história da humanidade... melhor não faltar. 

Eco Performances Poéticas
08 de dezembro, quinta-feira, 20 horas.
Espaço Mezcla 
(Rua Benjamin Constant, 720. Centro - JF)

6.12.11

fim de noite

feitas marcas no assoalho,
os dois tentavam segurar ponteiros.

desfilando corpos pelo corredor,
em conversas de ouvido, beijos

: nuca, braços, flores.

(reparar no calcanhar)

- uma única promessa.
enquanto dia atrever raiar,

submeter ímpeto, desvelar
a alma.

e dizer:
- nunca, mas nunca,
saia de dentro de mim.