21.5.11

lembra?

havia felicidade naquela velha porta
que dava pra rua em dias de verão.

quando descobríamos que aquela 
triste e bela canção - feita a mão,
significava algo como clamor.

havia, como uma harpa dedilhada
que procura sentido em conjunto.
um valor no cheiro de guardado
da blusa de lã, quando descoberta,

a cada inverno: guardada em caixas no alto do armário.

sim, havia graça em ver seus pés
de ponta - calçados de meias, a
empinar-se, erguer a blusa e revelar
a brancura da parte de trás da suas
coxas, 
         e a nuca exposta
                                   pelos cabelos presos
                                                                  e os poucos fios
a fazer frio
                e a sorrir de canto
                                            quanto você jurava
                                                                         que gostava.

e era fiapo de vida
restolho de significância
alternando estação.

by Daniel Russell Photography

13.5.11

Cachaça

pinga-teto de engenho,
arde as costas de quem
leva arreio.
 
É máquina de boi, de gente
rodamundo tritura cana em sonho
 
faz sono de poeta, meia garrafa
alegria de bando, sorriso encantado
 
é doce gosto que queima,
projeta a careta, prazer de quem ama
 
leva loucura a cama, jus a carne que tira
gosto, é peso que se segue ao
peso que se solta a cada gole.
 
É brinde de eternidade.



Esta poesia faz parte da série "Letramar". para ler as outras acesse a seção download. Lá é possível baixar as outras.

7.5.11

long beach 1992 a.c

ao Bradley Nowell (in memorian)

quando a estiagem atingia o verão
e o céu azul secava as piscinas
os cabelos parafinados reluziam
e o violão entoava canções
que você aprendeu com seu pai

long beach e suas ruas de
carros populares e calçadas
ocupadas por transeuntes
belas moças, hipsters, junkies
e rivalidades entre bairros

a noite as festas baratas, lotadas
de aventureiros insanos
em busca de verdades eternas
bebendo até o dia raiar
pra buscar mais ondas em Venice
pela manhã.

corria o ano de 1992, era cedo
lou dog roçando o assoalho da
velha van, em busca de diversão
enquanto tocava uma fita k7
dos beach boys.

corpos inertes na máquina
que repousava as rodas
no asfalto quente a se deslocar
em mais um destino na costa oeste

o horizonte era sol
e sua figuração a plenitude
do pouco saber - ou querer.

Foto: http://herot.typepad.com

3.5.11

Eco de Maio


O Eco - Performances Poéticas de maio vem garantir que a primeira semana do mês tenha gosto de poesia.
E uma das missões dessa edição é desmentir um ditado popular. Santo de casa não faz milagre? Faz sim. E para provar isso estarão no palco do Mezcla Anelise Freitas, que vem de Lima Duarte e desembarca em JF trazendo na bagagem seus versos desavergonhadamente verdadeiros e voluptuosos, e Anderson Pires, um dos fundadores do Eco, que retorna ao elenco para disparar sua afiada poesia rock 'n roll, pronta para entorpecer os desavisados.

O Eco traz também uma novidade nessa edição: um set temático especial em homenagem à existência e à essência do poeta cinco estrelas da nossa história, Manuel Bandeira. A obra do escritor pernambucano estará presente na edição de maio do Eco, portanto prepare-se para ver, ler, ouvir e sentir grandes clássicos da poesia brasileira.

Para completar a noite, a galera pode abrir o berreiro com suas poesias no microfone aberto. Lembrando que todo o Eco é regado ao fino som de Mister Pedro Paiva com seus vinis.

É no dia 05 de maio, quinta-feira, às 20 horas (pontuais), no Mezcla (
Rua Benjamin Constant, 720. Centro. Juiz de Fora, MG)
 
E a entrada é franca.
 
Espalhe e apareça.