22.2.09
solícito
volto como disse, despues dessa reforma. !hola! eu sou assim, bilingue, meio a meio, afanando supertições em línguas matreiras. Mando a ti minhas palavras, verdes, antes que caiam de maduras e manchem nosso chão de cimento queimado. Tão lindo. Saudade sim, não tem tradução. Mas como disse Chico Science, "esperança é quando a dor presente nos faz tentar outra vez".
Dude, mano "véio",
eu e minha menina linda andamos pensando em repousar em Buenos Aires. Sou louco pra experimentar a Quilmes, creio eu que lá também haja exemplares de Corona. Mas enfim, vontade maior é a de viajar. E seu chegar por lá, quero comprar uns discos de vinil, de Novo Tango.
Mas de qualquer forma em Cabo Frio a gente chega.
2.2.09
patricinha mor
são uma espécie de armadilha para este poeta
que vos fala sobre suas desilusões
ou simplesmente prepara mais versos
para curtir uma de eterno apaixonado
mas, sim, falava de seus lábios (!)
reluzentes de longe,
nesta rua escura
decorando a paisagem chata
e sem graça da cidade
num dia de quase chuva
e que sorriso malandro você apresentava
disfarçando sua exacerbada classe social
que lhe fornecia o título de patricinha-mor
e eu que sempre botei banca de descolado
fiquei babando por ti
decidi que vou te botar em verso
desse jeito, sem jeito
pra te fazer dançar na folha branca
em letras garrafais
pra te fazer dormir
nos braços da miséria gostosa
da vida de verdade
e observar teus lábios delineados
enquanto repousa nos meus versos marginais
17.1.09
A enchente
a água subia rapidamente e ultrapassava meu medo de forma cavalar, e sentíamos um frio na espinha ao perceber que uma fina camada de água cristalina resolveu passar por cima da ponte e tocar nossos sapatos - logo meu sapato de couro, sola de couro escorregadia que eu risquei com o canivete pra não escorregar mais - arriscado ali de se molhar e pesar nos meus pés. enchente é coisa séria. veio ontem um homem que ninguém sabia bem que era e gritava como louco, montado num cavalo preto - "lá vem a tromba d'água" - só sei que meu pai largou até o chapéu de feltro e resolveu acudir minha mãe, a juntar os trapos e salvar o velho rádio de madeira com "dial" prateado que sintonizava aos berros a rádio nacional. eu vesti calças, camisa de botão e um paletó. e meus sapatos novos. minha vó mora no alto e nos aceitara em sua casa enquanto passa esta tormenta. tormenta de água. água forte a molhar a canela até mesmo de quem mora na rua halfeld. eu achei graça das moças levantando os vestidos até o meio da canela e mostrando as meias brancas, tão pálidas quanto os rostinhos cheios de pó compacto. no meio da confusão alguém perdeu um chapéu do estilo "côco", e eu coloquei na cabeça e me debrucei na ponte a avistar a água subir e fazer estragos, peralta, pelas ruas desta cidade. a chuva me molhou e minha mãe me disse - "pareces um carroceiro, viajante, com estas roupas largas e este chapéu engraçado". e eu queria naquele momento ser mesmo viajante e só estar ali de passagem. eu ria de nervoso e acreditei que o rio ia engolir tudo. as ruas, as casas, a escola e Josefina. Ah, Josefina, linda garota, de dentinhos separados e sardinhas no rosto. Que a água leve tudo! Menos minha Josefina. E de pranto em pranto deixei estes versos pra água levar: quem nunca quis morar na beira do rio, o rio vai morar na beira de tua porta. vai assombrar tua loja, vai subir e descer tuas escadas a fazer um barulho estranho de água que lava e leva lavra novos caminhos atalhos densos, auspiciosos de memória e guardará pra sempre no coração a ponte, que parecia as meninas (que levantavam as saias), a erguer-se pra passar a água
13.1.09
(nada)
não mais permito a dor do corpo
me servir de escopo para regredir
nem tolero passos adiante
nem caso mediante sorrisos desconjuros beijos descompassos
sou poeta, sim,
sei que você não gosta destes rótulos pretenciosos
sei que tu cara de tatu,
odeia tudo que inspira liberdade
mas eu sou assim não hesito mais,
nem menos meço meu tempo
em palavrinhas maleducadas contra ti, tu, nós, vós, voz
tornei-me atirador de eliteversos,
desconversos
meu relógio já não mais para
nem faz o velho tic tac careta
de quem vê passar o tempo,
no silêncio agora eu sou assim,
eu conto um causo aumento um ponto,
invento contos disco telefones errados,
aguardo telefonemas que nunca vem,
cartas que nunca chegam
mas de peito aberto sou morno,
quente quando a hora cola
e de certo acerto o alvo
e celebro com taças imaginárias cada dia vivido,
como se fosse um passo duro em direção à nada
(aproveito pra dizer: um feliz doismilenove! poesia.arte.e tudo mais)
29.12.08
2009 é logo ali (re-load)
23.12.08
CARTINHA AO PAPAI NOEL, COM CÓPIA OCULTA AO GILMARZINHO
gilmarzinho minha flor
se eu não tivesse optado
em ser professor de escola pública,
quando crescesse queria ser como você
homem togado íntegro, inteligente
mas nem por isso deixei de rasgar minha seda
por ti, homem forte da alta corte
e é por isso que neste natal
presto uma singela homenagem a você
quero que papai noel me dê,
caso eu mije fora do meu peniquinho,
um belo advogado como ti, assim
como ele deu ao Danielzinho
se eu enriquecer, ó gilmar homem-da-lei
que deus me brinde com a transubstanciação
do vinho em corpos, habeas corpus
nem quero, ó gilmar mestre-da-carta-magna,
mais de um em dois dias, me basta apenas um
em toda vida, pr’eu curtir uma onda
com a cara desses meus amigos
eu quero, muito, cantar um jingle bell
sapateando na mesa daquele delegadinho
metido a besta
quero comer rabanada e sujar de açucar
a cabeça daquele juizinho paulista
e nós, ó gilmar mente brilhante,
cantaremos, sem algemas é claro, noite feliz
noite feliz, com as boquinhas supremas
cheias de farofa
eu quero muito, muito que papai noel
me abençoe com este presente
e caso aconteça, gilmarzinho meu doce de côco,
da polícia federal cagar no sapatinho
que eu coloquei na janela do meu banco
de investimentos
você virá tal como a fada sininho
pra me salvar das garras destes fascistas
que nada entendem desta nossa constituição
nem compreendem que em ti
reina o ano inteiro um espírito natalino,
um quase amor de mãe por essa gente sofrida
que durante o ano inteiro
sofre,
sofre,
sofre comendo caviarzinhos
e bebendo prosecos,
vem comigo gilmarzinho, meu brilhante lapidado,
comemorar este natal
que gente como a gente
está acima do bem
e do mal
15.12.08
na tal

a ilustração chama-se Hunters do fodão do Banksy. olink taí do lado.
12.12.08
então...
versos da hora:
ei minha nobre dama
larga essa pose singela
se enxerga
a cama, mesa
me banha
10.12.08
Augusto nasceu!
esses versinhos, versinhões,
versiados,acanhados
aqui ficarão até mamãe perceber
e você nascer
não faltará pra este bebê
o que beber
de versos gelados quentes
escaldados
sonhos doces, salgados
beijos abraços apertados
"gudi-gudis"
"bilu-bilus"
pink ou blue?
tipo assim
bebê,vem que o mundo é teu
e vê se abre o olho
senão o titio aqui te versa
9.12.08
26 anos
o coração continua parado
curtindo a paisagem, se fazendo
de esperto,
o sangue nunca se esvai
não sigo rumo dos rios, fico plácido
tal qual lagoa
escuto esforçado o som da natureza
como quem exprime, ou tenta, o que
há de melhor, o que virá
fico tonto, incerto, a cada passo
evito decisões, incisões, suturas
em fuga desvio de medos
prefiro o incerto ao certinho bordado
prefiro a vida
desfiada
se cada pedaço pode
melhor ser aproveitado
eu piso nas poças
molho a barra da calça
enxarco a gola
eu quero mais é que chova no
teu quintalzinho, quero
mais é menos
quero muito
o ameno
faço 26 anos cheio de contradições
que sinto eu
são uma espécie de banquete
sem filosofia
ou sem preliminares
eu sigo
assim
em frente
sem mapa
só com uma bússola
que indica o caminho
da tal felicidade
8.12.08
Leminski fala sobre poesia
4.12.08
Duas poesias
APRENDIZADO
ao Fernando Fiorese
nesta cidade aprendi a ser poeta
(se é que isso se aprende)
doutorei-me nas mesas de bar
nos colos alheios, nas páginas dos livros
nos artigos e seus incísos
e nas ruas
por onde andei obsessivamente
calculando os metros percorridos
no chão pisado por personagens
de destaque ou anônimos
fiz banco de escola.
meu dicionário sempre foi
o “Mínimo” onde encontrei sentido
nas palavras
fiz da vida urbana uma sacada
a olhar passar os carros
as moças, os fatos
os versos que eu aprisiono no papel
ARREMEDO MALANDREADO
à memória de Oswald de Andrade
diz o culto português
na expectativa da chegada
do coletivo:
“lá vem o ônibus...”
na minha terra
resconstrói-se
a lingua máter
num arremedo malandreado e dizem:
“ê-vem o ônibus...”
e todo mundo é feliz
eveindo vida a fora...
2.12.08
Eco! ooooooooooo!
28.11.08
Inspiração no Gingado Chiclete
Putz, tenho tido dificuldade de escrever. Sim, reconheço. Tive belos momentos de escrever 5 ou 6 poesias num dia e achar tudo lindo e tal. Nas últimas semanas o espírito acadêmico tem me tomado e me deixado meio chato. Não sei se a leitura de Guimarães Rosa também não está trancando meu corpo poético e me embaralhando nas palavras do escritor mineiro e me deixando quase acanhado de escrever meus versinhos à margem. Enfim, sei que dar uma saída pode me ajudar. Boêmia é sempre algo interessante pra estimular a fabriqueta de versos loucos. E até uma ressaquinha ajuda a pensar melhor sobre os efeitos colaterais da vida. De qualquer forma guardei pro Eco do dia 4 de dezembro - Mezcla, 20:30 - algumas coisas que julgo eu, são boas. E estarei lá. Fominha total, querendo falar em verso pra essa gente bronzeada. Tchu-tchu! No mais, em breve volto pra falar do Sarau do Festival Juventude em Foco.
Pra não perder a viagem deixo uns troços aí. Besos!
minha lindinha, não se desepere
não espere
masque todo seu chiclete
de maçã verde, respire
inspire o hálito
verde
inspire
-me
teu poeta, que se sente
mastigado por teu gingado
de chiclete
tua boca aflita
lábios adolescentes,
insandecem minha existência
22.11.08
Desabafo
um sem fim de versos marginais
dissonantes como os acordes mais
fortes, da guitarra de Lúcio Maia
rasgados, mal-educados, diacrônicos
sílabas apertadas livres
apertos incontáveis
tristes, tipo
uma nóia de Manu(el) Bandeira
Meu caro poeta, aprendi errando
que a palavra é arma mortal
um puta tiro que insiste em sair
pela culatra
e atingir a boca errante
de quem fala
a amarrar as mãos de quem
as escreve
a palavra é forma ingrata tal
o corpo de quem recebe as doses
alopáticas do bombardeio poético
e de cara fechada
vê a vida passar.
p.s: Importa mesmo é que o Galo Carijó é campeão. E eu estava lá.
16.11.08
palavra.delicia.coxa.wally
em conseqüência provavelmente da madrugada de ontem onde
conversamos bebemos ouvimos música de boa qualidade e a poesia
flutuou na minha cabeça como tem acontecido nos últimos meses
tenho ficado elétrico falando mais que a boca escrevendo mais que a pena
penando mais que a escrita bocando mais que a fala e nada de bocar o falo
o chacal é meu mestre quero ser como ele escrever pra sempre ser poeta
pra sempre transar poesia eternamente com estilo e leveza de se saber
poeta tipo goiaba que é uma palavra gostosa no rio de janeiro fevereiro e março, alô , alô seu chacrinha
e olha que sou mineiro absorto quase escroto de tão bairrista fiel como fel fe-la fe-la-la
aprendi isso com o lô borges (não ser absorto) mas ter bom gosto ao escolher o berço (e o túmulo)
enfim como só parei aqui pra escrever pro Wally Salomão, deixo uns versos pra este poeta, que nos deixou tem tempo:
uma palavra recatada é uma não-palavra
palavra boa é aquela que chega
como quem quer o mundo
chega pra ficar, tipo perfume
mulher bonita, bem vestida
uma palavra como
D-E-L-Í-C-I-A
que deixa todo mundo se perguntando
se é uma
gostosa moçoila
ou se era um refinado prato
de louça
mas palavra forte
deixa um certo medo
uma sensação incompleta, do tipo
que se sente quando se pronuncia a palavra
C-O-X-A
coxa é palavra interessante instigante
coxa da moça de fora pra fora
coxa da senhora matreira que um pedaço
mostra
coxa é onde para a meia daquelas roupinhas
sensuais que eu esqueci o nome
ou coxa de galinha que eu como feito viking
bárbaro barbarizao barbbudizado desbarbado babando
babado babador
de tanta fome que me dão as
palavras
Em dezembro tem ECO POÉTICO, No Mezcla, na primeira quinta do mês. E tenho dito.
15.11.08
Você já viu uma mulher derramar lágrimas pretas?
www.myspace.com/3namassa

12.11.08
ESPERANÇA
não curta uma de aposentado
ainda é cedo, eu sei
não escreveremos os mais belos clássicos
mas nossos versos serão fantásticos
e medidos na nossa capacidade
de sermos moleques
nas ruas desta cidade
let it be, let it be
qualquer coisa
ao som de um eletrotango
vamos chutar as
coisas amenas, como dizia o
velho Leminski
todas armas son buenas
vamos tomar de assalto
as ruas desta cidade
vamos versá-las em nosso
grosseiro tupiniquim
e dominar cada banco de praça
cada botequim
5.11.08
Meus heróis não morreram de overdose
a tento nostalgicamente viver o que passou
não sinto falta do desbunde nem
me abundo em sofás empoeirados
ouvindo discos arranhados
talvez tenha gostado um dia de me ver
no Arpoador aplaudindo o por do sol
mas param por aí minhas vontades anacrônicas
eu não amo o que não fui
nem sonho com o que seria
prefiro o doce risco do desconhecido
do incerto que me cerca num dia a dia
e prefiro as palavras de meu tempo
os dilemas
os poemas
tão nossos, intrisecos aos ossos
do ofício
do indicio
do orificio do relógio
que não para
tenho meu lugar, meu burro está na sombra
mas eu estou no sol, queimando o pavio
o fio
curto da nossa idade
em grandes escalas, gigantes cidades
meu combate, verdadeiro embate
não mais é com ditadores nanicos
com censores ridiculos
meu algoz é o dono da TV
o economista global que canta
e encanta com seu mantra oficial
e manda para a puta que o pariu
os sonhos mais simples dos moleques
da esquina
não, não sinto saudade
não sou deste tempo passado
com trilha sonora chata de tecladinhos
enjoados, cabelos laqueados
a musiquinha deprê não faz minha cabeça
o sol da praia não faz minha barba
nem faz minha cabeça barbara
que não chora pelos cantos
eu sou daqui
eu sou de agora
neste hoje sem ontem
é que minha alma chora
desculpe poeta
mas meus heróis
não morreram de overdose
31.10.08
Recordar é viver
EU UM ROMANCE DURADOURO
Afinal ela é paulista Eu sou mineiro