25.5.12

Tupi F.C, 100 anos: "a chama viva da esperança"

Neste sábado, dia 26 de maio de 2012, o Tupi F.C completa 100 anos.

Quando eu era apenas um moleque, ele estava lá. Imponente. Uma entidade, uma instituição. 

As primeiras imagens do Tupi F.C em minha vida: uma velha camisa de meu avô, fotos de quando meu pai jogava no clube e o imponente palco art-decó que é o Sales de Oliveira.

Atravessávamos a ponte para ganhar o mundo, percorrer ruas, aprontar. Coisas de criança. E em boa parte das vezes íamos ao Sales assistir os atletas treinarem. Éramos da várzea, peladeiros, adeptos do futebol de rua, e nossos olhos se enchiam de sonho ao pensar que um dia poderíamos estar ali, vestindo o manto alvinegro.

E desde então o Tupi F.C constitui-se em paixão perene, forte, fanatismo, devoção.

O time do povo de Juiz de Fora, da massa. Dos suburbanos, das mulheres, das crianças, das multidões que se moviam em direção ao Sales e hoje ao Mário Helênio. A torcida afoita, inquieta, esperançosa, que não arreda o pé nem mesmo quando o time enfrentou as piores provas e espiações no limbo do cruel mundo futebolístico.

Quantos clubes marcaram efêmera presença no futebol mineiro e brasileiro? Muitos. Alguns deles com investimentos soberbos, apoios grandiosos. Mas desapareceram. Tornaram-se mera lembrança. Quantos clubes dotados de volumosos recursos privados e estatais são apenas anônimos coadjuvantes do futebol brasileiro? Inúmeros.

O Tupi F.C não. Presente, forte, guerreiro, místico, o Carijó trilhou 100 anos de história subvertendo qualquer lógica que impusesse um destino de fracasso ou de desaparecimento.

Dirão os céticos, desprovidos de amor no coração, que o Tupi fez pouco. Eu retruco, com firme convicção: nenhum outro clube faria tanto, com tantas trincheiras, obstáculos, dificuldades e pedras a serem quebradas. Assim é a "repentina explosão dos Carijós"!

Foram 6 campeonatos mineiros do interior, 23 campeonatos da cidade de Juiz de Fora, 17 ligas, 1 emocionante Taça Minas, 1 campeonato mineiro módulo II e o apoteótico Campeonato Brasileiro da Série D, no ano passado.

Só o Tupi F.C, especialista em calar as massas adversárias poderia propiciar ao mundo do futebol o que vimos no Arruda ano passado. Só o Tupi calou o Mineirão contra todos os times de Belo Horizonte. Só o Tupi, atrevido, convicto, forte, para brecar a seleção de Pelé e Garrincha.

Só o Tupi F.C para estampar um amor que não se explica. Se traduz em força, paixão, tradição. É parte constituinte da alma de uma cidade.

100 anos de meu Galo Carijó. Eu poderia jogar fora todos argumentos poéticos, futebolísticos, identitários já trazidos nesse texto. Por que paixão não se explica.

É na arquibancada de cimento, sob sol ou chuva, frio, calor, seja lá qual for  condição climática, que o coração desperta esse sentido.

E quando o time sai do vestiário para o campo, para mais um derby, nada mais existe.

Só o Tupi, minha paixão, meu amor.























4 comments:

Luiz Sampaio said...

Estou longe de JF tem anos mas nunca deixo de acompanhar o Tupi. Arrepiei com esse texto. Parabéns!

Anonymous said...

Arrepiei (2)

Kadu Mauad said...

Depois de ler esse texto, acabo de receber um choque de realidade. Eu sou Tupi desde criança!

Maria said...

sábado quando eu saía daqui cedo, umas 9 da manhã, várias pessoas nas ruas já vestiam a camisa do tupi. cheguei em casa e comentei sobre isso com a minha irmã, que me disse: "realmente é lindo a paixão do juizforano pelo time. a gente não tem isso. mal sabemos a cor da camisa do serrano FC. mas lá não, todo juizforano é tupi."