9.3.12

meu, teu, nosso

meu portugues esquivo no teu ingles castiço
meu habitus suburbano, em teu francês correto
minha janela aberta, meu espelho quebrado.

meu quarto sujo.

teu corpo que recobra sentidos,
com minhas grosserias e palavrões.

minha barba que cheira conhaque,
na tua nuca.

meu banho dado em ti, na pia quebrada.
nosso banho de gato.

meu convite pra começar de novo.
teu pé, amarrada ao pé da cama.

teu tapa na minha cara, me chamando de

"-menininha"

teu corpo que arqueia, cada vértebra que marca
meu desenho predileto.

meu pedido de casamento, meu choro,
tua coragem, teu sopro.

nossa sociologia crítica da fodinha de corredor

9 comments:

Anonymous said...

tiago rattes o poeta do arrepio e da reivenção da linguagem

Anonymous said...

homem que dá banho é sempre pra casar

(mesmo que chore como uma menininha)

Francesinha said...

Corredor de DM, de MSN ou de FB?

Felipe Loures said...

poema forte, rasteiro, fica de pé, sem dúvida. e quando leio e confirmo que gera dúvidas, fico ainda mais empolgado, por que poesia é isso, dúvida e perigo. Parabéns!

Luiz Fernando "Mirabel" said...

No corredor... boa!

Julio said...

e o quarto sujo rolou. :)

lina said...

e nada nele poderia ter sido diferente, pra que a poesia se concretizasse de forma tão sublime

Anonymous said...

eu diria que o quarto sujo é algo bem sublime de fato. quantas cabem nesse quarto: :P

Anonymous said...

"Cabem três vidas inteiras
Cabe uma penteadeira"

blá, blá, blá...

Cabe o que for permitido pelos limites das paredes mudas, surdas e cegas desse quarto...