disse a ela que batesse as cinzas do cigarro
ali mesmo, no chão do quarto, que não
levantasse em esforço passageiro, que
haverá e há de haver um quê de vida
eterna, nas ternas pernas, de dois corpos
nus
não vá, não se levante
brinque comigo, de bruto diamante
ou de
secreto amigo, amante
ouça o silêncio que lá fora perdura
aproveita que a vida dura
enquanto há luxúria
vamos nós, de corpos enroscados
pela vida afora, feito dois, mais nada
a atravessar horizontes
enamorados
5 comments:
O que falar?
Estou encantada com esse achado!Escrita precisa e poética!
Parabéns meu caro!
"...não vá, não se levante
brinque comigo, de bruto diamante
ou de
secreto amigo, amante..."
FANTÁSTICO!
Uma semana doce para ti!
essa coisa de enroscar em verso é uma delícia. brincadeira boa. queria brincar também. pra depois virar verso. pena que eu não possa. tadinha de mim. :P
essa figura entre erótico e fofura,você conseguiu um limite e equilíbrio elegantes. interessa, ainda, ressaltar que todo plano rímico e rítmico não aparecem com exagero e, o que interessa, servem ao poema -- não à mera pirotecnia.
Não há sobrecarga de "palavras bonitas" que muitos confundem com poesia; há, antes, uma vontade, necessidade comunicante. poema fecundo no fundo e na forma; grande execução. há, nessas beiras, sem dúvida, um tom e contracanto parelho com a música popular brasileira -- de boteco e de câmara -- que revigoram os sentidos das passagens e passadas da cama.
touchstones:
"não vá, não se levante / brinque comigo, de bruto diamante / ou de / secreto amigo, amante"
"vamos nós, de corpos enroscados / pela vida afora, feito dois, mais nada / a atravessar horizontes / enamorados"
não é à toa que tu, mais o anderson pires, são os poetas preferidos do grande público.
Maravilha.
Bom te ler por aqui novamente meu camarada Capilé!
a cama esse universo manso onde pernas que podem ficar cruzadas pra sempre. foi como se vc já soubesse né?
Post a Comment