reboca com galhardia a face
outrora não se usava no verão
esplendida geratriz do disfarce
mística musa do senão
ao imiscuir-se de sua beleza
tenaz, provoca sentidos
desfere ilídimos olhares
para desespero do marido
reveste as maçãs do rosto
na pista de dança, na praia
oh, suor que está convosco
mancomuna-se à sua laia
externando mil “senões”
desmonta simplória faceta
esconde as agruras letais
carrega magia-maleta
4 comments:
Tipo assim: não é porque eu goste
de rima e métrica e muita dor,
mas é porque "tipo assim"
você dessa vez mais que "tipo assim" arrasou!
um beijo no zigoma com estalo de estrelinha.
;)
Kdu.
"ao imiscuir-se de sua beleza
tenaz, provoca sentidos
desfere ilídimos olhares
para desespero do marido"
imagino a cena. a saída noturna. o retorno.
belo poema.
A imagem - imaginada - que marcelo convoca é um achado. toda sorte de suspense na reação do marido é um convite, imenso, farto e fértil.
Embora o poema fique saltando na cabeça com um contrato métrico - e, creio, seja involuntário - a polimetria serve bem ao tema. Esse jogo de palavras altas, com toda a sacada do clichê e do comuníssimo da comédia aparecem de bom tom e grado.
As rimas toantes - bem atuadas - e as rimas incompletas, balançam num giro rítmico muito inteligentes.
meu senão: "senões" aspeado. arranca essas aspas, se libera da hipercorreção, assuma o desvio.
a palavra valise "magia-maleta" um acerto de acento metalinguístico - de novo, involuntário, mas e daí? - é um bom fecho e não entra naquelas firulices da chave-de-ouro.
pequeno grande poema da safra e lavra dos cosméticos. [eu, de cá, acho "cosmoética", ainda, má palavra).
maravilha. na pinta. pintada em pó-compacto.
De quem te acompanha a longo tempo, acho que já fez melhores.
Post a Comment