5.11.08

Meus heróis não morreram de overdose

não tenho saudades dos 80 nem tento
a tento nostalgicamente viver o que passou
não sinto falta do desbunde nem
me abundo em sofás empoeirados
ouvindo discos arranhados

talvez tenha gostado um dia de me ver
no Arpoador aplaudindo o por do sol
mas param por aí minhas vontades anacrônicas

eu não amo o que não fui
nem sonho com o que seria
prefiro o doce risco do desconhecido
do incerto que me cerca num dia a dia
e prefiro as palavras de meu tempo
os dilemas
os poemas
tão nossos, intrisecos aos ossos
do ofício
do indicio
do orificio do relógio
que não para

tenho meu lugar, meu burro está na sombra
mas eu estou no sol, queimando o pavio
o fio
curto da nossa idade
em grandes escalas, gigantes cidades

meu combate, verdadeiro embate
não mais é com ditadores nanicos
com censores ridiculos
meu algoz é o dono da TV
o economista global que canta
e encanta com seu mantra oficial
e manda para a puta que o pariu
os sonhos mais simples dos moleques
da esquina

não, não sinto saudade
não sou deste tempo passado
com trilha sonora chata de tecladinhos
enjoados, cabelos laqueados
a musiquinha deprê não faz minha cabeça
o sol da praia não faz minha barba
nem faz minha cabeça barbara
que não chora pelos cantos

eu sou daqui
eu sou de agora
neste hoje sem ontem
é que minha alma chora

desculpe poeta
mas meus heróis
não morreram de overdose

2 comments:

Anonymous said...

Modernoso noventista???

Unknown said...

companheiros,
Os seus versos,muito mais do que certos,são travessos,e nos brinda com uma consciência que não é finda,e nos faz acordar deste mundo inebriado,pelos economistas e capitalistas.