
falando de bar? lembro-me de Aldir Blanc... sempre
Meu bar
meu bar, querido bar, onde
mesas de ferro compartilham sonhos com
boêmios tortos, ansiosos
onde cada gole
reflete um sonho, cada palavra é um gesto
em
meu querido bar. Refugio de minhas certezas
espaço aniquilidor de minhas duvidas
és fruto indelicado de agonia charmosa
de ser-se humano em essência
estalam copos e garrafas
sinfonia
aos meus ouvidos
e minha língua que só sossega
no doce gosto
da cana, ao me lembrar
o cheiro dos engenhos
em meus sonhos coloniais
meu querido bar
onde eu canto
e discurso tal qual Castro Alves
ou Noel
me
subverto
como Baudelaire
agonizo, choro, ao fim
na saudade expectativa de retorno
a morada
dos justos
lar de todos
espaço público
prefiro ti,
onde os fogões falam alto
e exalam aroma
dos apetitosos tira-gostos
que alimentam
seus soldados em
pratos proletários
das carnes
e tubérculos
não-nobres, dos quais
desfazem os mais abastados
prefiro ti, de frente à rua
onde vejo
as belas moças a passar
e pisar em meu coração
e despertar
meu intimo desejo
de viver
e viver, e viver, e viver
só em ti
é completa a vida
ò bar
meu querido bar