27.1.12

[sala de querer]

fundo, fundo, ermo quarto
lúbrico lodo enredo vasto

resta cadeira, faz descanso
arrolha sonhos, quebranto.

cabelos claros enfrentam luz
pés indicam caminho - boca.

suntuosas sinuosidades
de corpo.

simbólicas esquivas
de beijo.

desvia olhar, faz de conta
rouba atenção, fé de poucos.

é singular desejo, aposta
emposta, permeia, estorva
augusta fala, voz caridosa:

- permita-me chegar e
possuir tudo aquilo que
ninguém nunca possuiu em ti.

alwaysmyhero.tumblr.com

3 comments:

florbela said...

lindas aliterações

Luzia Steinh said...

eu diria que o poeta tiago rattes retorna. temos de volta os jogos de palavras firmes, os fonemas que ecoam, as expressões que rasgam o papel e nossos olhos. palavras sedutoras. poema maravilhoso. que bom que voltou.

Kadu Mauad said...

Uma sucessão de imagens e ações. O quase-flash, o quase-quadro, o quase-cena e o psicológico acima do quase-tudo.

Não curto o encontro "'fé de' poucos". Mas se foi o propósito, retiro o que eu quase-disse.

Quero ler a continuação do conto. Daquele do casal.

coraçãomente
kdu